quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sua excelência vai passar


De repente, do nada, aparece ele, agora reclamão. Passos lentos, emburrado, olhar desafiador, com uma sacola na mão, olhando com o rabo do olho.
É ele. O pedestre.

É o novo fenômeno que está acontecendo nas ruas. A lei que protege o pedestre. Parece algo como um contra-ataque, uma revanche de um, até então, eterno desfavorecido no trânsito. Ele ganhou poder. Agora ele pára tudo para passar.

Continuando na cena, o carro pára. Ele atravessa lentamente, meio de propósito. O motorista se irrita e buzina sem parar. Aí ele se revolta, vira a sacola e a utiliza como um chicote, batendo no carro. O olhar desafiador para quem o assiste, querendo dizer “Bato mesmo! Eu tenho a razão!”

Isto tudo eu vi.

Concordo com o direito dele e sei também que tem muito doido guiando por aí.

Mas isto não pode virar uma guerra.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A idéia de falar sobre a idéia


Eu estava pensando. Interessante saber que as palavras que escrevo passeiam por dentro de outras cabeças. Que elas ficam aí, um tempo, em seus pensamentos. Coloco as letras, juntinhas, no que eu inventar. Agora entram na sua cabeça. Você nem imagina, mas depois desta última palavra, o papel está em branco. E vou preenchendo o branco que você não vê. Isto não entra na sua cabeça. Quando entra, já está tudo pronto. Olhe este texto de longe: É um monte de letras juntas, apenas. Imagine você que já estará resolvido, quando entrar.

A sensação, de quem cria, é de liberdade. Sensação de ir entrando nas mentes, mas sempre com respeito. E saber que entram e saem. Depois, em outras crônicas, revisitam as mesmas mentes. E as visitas são bem vindas. São bem recebidas.
As idéias vão passeando aí dentro e não me sinto sozinho. Talvez com elas você também não se sinta assim. Sinto como que se você estivesse aqui comigo enquanto atravesso o processo criativo, falando comigo sobre a idéia de falar sobre a idéia. Daí me recordo que título, só coloco depois do texto pronto, se é isso que irá se perguntar.

E a idéia sai daqui e vai entrando aí. As palavras chegando a você. Tenhamos ou não intimidade. Seus olhos recolhem o que escrevo, lhe entrego.
Em saber que faço esta visita, agradeço a hospitalidade mental que recebo. Fico aqui, com este quebra-cabeças, que é o alfabeto, apertando teclas, juntando caracteres, a princípio sem nexo, para lhe entregar tudo junto, ordenado, nesta aparente ordem que aqui se apresenta. É um fenômeno que me agrada, este de oferecer. Dá prazer saber que, neste e em outros momentos, estamos, eu e minhas palavras, ocupando um espaço em você.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Vida de consultor


O brasileiro não tem o hábito de poupar nem de se planejar. Quando poupa é para trocar de carro ou para uma viagem específica, etc.
Mas quando se fala em poupar para o futuro, para a velhice ou uma emergência, a coisa muda de figura. Não, não poupa...

O futuro, agora, aumentou. Com a evolução da medicina e do conhecimento, a expectativa de vida do ser humano é outra. Vive-se muito mais. Dizem os especialistas que a pessoa que vai viver 120 anos já nasceu.

Se sua vida economicamente ativa vai até os 65 anos, do que se viverá desta idade até os 95 – 100 anos?

Você já se fez a pergunta de como ou de quê viverá? Já prestou atenção no fato de que, se não guardar, não terá a quem recorrer?
Se você não tem uma herança a receber, precisa ”herdar de si mesmo”, por assim dizer.

Sinto-me dando um recado de você no futuro para você no presente: “Ei, não se esqueça de mim!”

“Se conselho fosse bom, não se dava, vendia-se”, certo?

Pois é. 
Pra te ajudar a sair desta fria, nós, aqui, cobramos.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Assim caminha a Humanidade



Não sei por quê, mas sempre tive a tendência de achar que os antepassados não sabiam de nada. Pelo fato de não terem o estágio de evolução que temos hoje, sempre tive a equivocada impressão de que nos velhos tempos não se sabia de nada. Ao ver um filme em preto e branco onde o ator guia sem cinto de segurança, por exemplo.

Ficava a impressão de que os “primitivos” antigos eram algo como “trapalhões”, e, que, hoje, sim, sabemos de tudo. Um certo efeito que a juventude nos causa, por chegar com tudo pronto e ter a falsa impressão de que, por isso, já sabemos de tudo que é novo além da herança que o conhecimento nos dá do que já existia. Do antigo.

Hoje vejo as novas gerações nascendo com os recursos, tecnologias, facilidades, e entendo que elas só existem porque os antigos as criaram. Desta forma começo a realizar o que deve ter sido de grandioso e revolucionário a construção do Coliseu, por exemplo. O nascimento da escrita, o primeiro automóvel. A medicina. A música erudita.

O começo, os primeiros passos do conhecimento, agora, me parecem feitos maiores e mais difíceis. Um verdadeiro desbravamento da inteligência.

Hoje o mundo é pequeno. O que escrevo aqui pode ser lido no Japão no mesmo segundo.

É.

Acho que estou ficando velho.