terça-feira, 20 de dezembro de 2011

É pra você


- Vamos passear? O dia está lindo. (Click. Desliga o telefone.)
E a pessoa não sabe se você vai passar lá para pegá-la. Se te espera no Central Park...
No meio da conversa, sem dizer tchau. Desliga o telefone. O pior é que a pessoa do outro lado também desliga sem se importar com a total falta de educação.
Isto acontece em todo filme americano. Quando vejo, nunca entendo.
Pergunto-me se nós é que somos muito “latinos” por dizer “Tchau!”, “Um abraço!” antes de desligar ou se eles são muito americanos mesmo.
Imagine se a outra pessoa está para contar um segredo importante, criando coragem, e a outra desliga:
- Seu verdadeiro pai é...
- Sim, meu pai é muito verdadeiro. Click.
ou
- Naquele dia eu saí com...
- Eu também saí. Click.
Não é possível que estes enganos não aconteçam. Que eles desliguem nas caras uns dos outros e fique tudo por isso mesmo.
Era só isso.
Aquele abraço.
Click.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Ney Oceano

Hoje o jogo foi Santos 0x4 Barcelona. Parecia uma brincadeira de adultos contra crianças jogando bola. Não foi apenas um gol bonito ou uma jogada de efeito. Foi um jogo histórico.
O time do Barcelona fez o que quis e o que não quis com nosso time brasileiro. Isso demonstra que as coisas mudaram neste universo atual. Foi como que se tivesse colocado a mão na cabeça da criança e a deixado dar socos no ar. 
Ninguém soube como parar este time.
Eles ganharam. Não foi o Santos que perdeu.
Não quero tirar o brilho da vitória, mas para mim, que, diga-se de passagem, torço para o São Paulo, o que ficou de mais bonito e comovente foi uma frase:
 “Aqui, hoje, nós aprendemos a jogar futebol.”
Um menino com este talento pra jogar bola, ganhando o que ganha, falar isso depois do jogo que perdeu, ali, no campo, ainda quente, mostra sua verdadeira genialidade.
Neymar nada. Mar Ney. Ney Oceano. Parabéns pela derrota tão brilhante.
Nós torcemos por você.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu, tu, ele


Caso existissem universos paralelos. Vários caminhos que percorrêssemos com diferentes destinos. Quem me garantiria que estou no universo principal? Seria eu um eu errado? Não o eu que iria mesmo “valer”? Quem decidiria? Será que estou valendo? Onde mais é que eu iria parar?
Lá no fim da vida passando um filme onde aparecessem todas as opções, universo por universo, e algum eu desses, que eu seria, resolvendo o eu que se deu melhor, se comportou melhor, foi mais “verde”, ético... Seriam fins de vida diferentes.
Cada decisão diferente descortinando um novo universo paralelo e mil destinos se configurando. Como agora, por exemplo, em vez de continuar escrevendo, decidisse guiar até Ubatuba, no meio da noite, e descobrir o universo que me aguarda lá. Será que um desses meus eus foi agora? Fiquei eu escrevendo?
Se minha mãe não tivesse dado bola para o meu pai. Se você não estivesse aqui, agora. Estaríamos nós em qual deles? Juntos ou separados?
Seria algo como um múltiplo livre arbítrio simultâneo. Você se encontrando consigo mesmo se os universos se cruzassem. Comparando-se consigo mesmo, talvez.

Uma certa confusão na própria identidade, não é mesmo?

Mudei de idéia. Hoje não teve crônica.
Não está mais aqui quem falou.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

(If) Batman begins (to have problems)


De repente Bruce Wayne toca umas notas no piano de sua mansão e uma porta se abre. Ele desce uma escada e pega um elevador que o leva à batcaverna. Pára. Pára tudo. E se o elevador enguiçar? Como será que ele faz? Chama um técnico?
“-Alô, aqui é o Batman.
-E aqui é o Chapeuzinho vermelho, meu senhor.
-Meu elevador pifou.
-E a minha geladeira também. Sabia que passar trote é crime?”
E assim ficaria o homem morcego com seu elevador pifado, o batmóvel enguiçado e toda sua  parafernália eletrônica sem manutenção, a não ser que resolvesse revelar sua verdadeira identidade. O que acabaria o entregando para seus inimigos.
Imagino o batcomputador dando pau. Talvez o Alfred acabasse ficando na linha esperando o suporte da Dell atender para sanar o problema. A rebinboca da parafuseta do batmóvel... A revisão de 500 horas do batcóptero... A batlancha...
Apenas um empregado.
Verdadeiro herói, este Alfred.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Aristogatos





Li na Folha: “Parasita altera química do cérebro e manipula mente de hospedeiro.”



Como dizem lá, o tal parasita Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose e do (literal) pesadelo dos roedores faz com que eles se apaixonem por gatos. Alteram os níveis dos mensageiros químicos do cérebro no organismo dos hospedeiros.

Trocando em miúdos: para o rato viram verdadeiros “gatos” e “gatas”, irresistíveis. Isto porque o destino final almejado pelo parasita é os...? Gatos.

Dá pra acreditar?

Quem sabe um dia, na farmácia, vejamos um produto derivado deste parasita safadinho. Como aquele antigo “Pó de pegar mulher” que vendia no interior, numa caixinha pequenina, que eu economizava ao usar. Um amigo de Barretos trazia. Eu acreditava cegamente no resultado do pozinho. Achava que ele iria alterar a química do cérebro das mulheres e manipular suas mentes.
Mal sabia eu que, com o produto, já estava sendo manipulado por elas.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Me engane que eu bebo.








Pode até ter bom humor. Pode até ser engraçada. Efeito baiacu. A Skol que não estufa.

Uma inverdade repetida muitas vezes acaba se tornando verdade – este é o fato.

Todo mundo sabe que, se podemos ter certeza de alguma coisa nessa vida, é que cerveja dá barriga, estufa. Nossos bisavós sabiam disso. De repente alguém aparece pretensiosamente querendo vender outra idéia.
Daqui a pouco vão dizer que é a única cerveja com álcool que você pode beber e depois dirigir.
Cerveja que não estufa é mais ou menos como o cafezinho com adoçante depois da feijoada.
Estufa. Estufa sim.
Na hora de filmar o comercial devem selecionar apenas gente que não bebe, sem barriguinha.
Pra não falar sobre a discriminação enrustida. As pessoas virando baiacu são os gordos em geral. Os mesmos que bebem cerveja, seus consumidores potenciais. Já basta a Polishop, pessoal.

Saúde! Sorria! 

Você está sendo enganado.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Psico, lógico.


Tem mais uma. Aquela hora difícil. Quando “mexe com o psicológico”.

Fico pensando o que seria “o psicológico”. Uma entidade que determina o estado emocional das pessoas, talvez?

“Estou com o psicológico abalado”.

Como que se fosse uma caixa ou um órgão da pessoa, este tal de “psicológico”. Um divã miniatura instalado dentro dela, a trabalhar?

Controlo minha reação quando escuto isso. A vontade é de pedir para conhecer este tal sujeito. Este substantivo.

Melhor mesmo é manter a calma.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Posso?

Quando vejo nas costas de alguém, num mercado, etc., a expressão “Posso ajudar?”, não tem jeito. Logo vem à cabeça a pergunta: Quem foi que escreveu?
Imagino a idiossincrasia que ocorre entre o autor da frase e o “carimbado”. O coitado não fez a pergunta, não quer ajudar e pergunta-se: “Como posso escapar desta?” (A pergunta dele seria esta, certo?)

É um compromisso sério, este. Ajudar. Como posso? É uma pergunta aberta. Suscita muitas respostas. Vai saber como as pessoas podem ser ajudadas... Complicado. Ainda tem o detalhe do fato de que a pessoa se esquece que tem uma pergunta escrita nas costas. Escrita pelas costas, eu diria. Será que ele leu a jaqueta antes de vestir? De repente vem alguém e diz que precisa de ajuda financeira, ou ajuda psicológica. Complicado.

Volto a me questionar: Quem escreveu aquilo?
Torna-se uma pergunta retórica. 

Não. Nunca iremos saber.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sua excelência vai passar


De repente, do nada, aparece ele, agora reclamão. Passos lentos, emburrado, olhar desafiador, com uma sacola na mão, olhando com o rabo do olho.
É ele. O pedestre.

É o novo fenômeno que está acontecendo nas ruas. A lei que protege o pedestre. Parece algo como um contra-ataque, uma revanche de um, até então, eterno desfavorecido no trânsito. Ele ganhou poder. Agora ele pára tudo para passar.

Continuando na cena, o carro pára. Ele atravessa lentamente, meio de propósito. O motorista se irrita e buzina sem parar. Aí ele se revolta, vira a sacola e a utiliza como um chicote, batendo no carro. O olhar desafiador para quem o assiste, querendo dizer “Bato mesmo! Eu tenho a razão!”

Isto tudo eu vi.

Concordo com o direito dele e sei também que tem muito doido guiando por aí.

Mas isto não pode virar uma guerra.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A idéia de falar sobre a idéia


Eu estava pensando. Interessante saber que as palavras que escrevo passeiam por dentro de outras cabeças. Que elas ficam aí, um tempo, em seus pensamentos. Coloco as letras, juntinhas, no que eu inventar. Agora entram na sua cabeça. Você nem imagina, mas depois desta última palavra, o papel está em branco. E vou preenchendo o branco que você não vê. Isto não entra na sua cabeça. Quando entra, já está tudo pronto. Olhe este texto de longe: É um monte de letras juntas, apenas. Imagine você que já estará resolvido, quando entrar.

A sensação, de quem cria, é de liberdade. Sensação de ir entrando nas mentes, mas sempre com respeito. E saber que entram e saem. Depois, em outras crônicas, revisitam as mesmas mentes. E as visitas são bem vindas. São bem recebidas.
As idéias vão passeando aí dentro e não me sinto sozinho. Talvez com elas você também não se sinta assim. Sinto como que se você estivesse aqui comigo enquanto atravesso o processo criativo, falando comigo sobre a idéia de falar sobre a idéia. Daí me recordo que título, só coloco depois do texto pronto, se é isso que irá se perguntar.

E a idéia sai daqui e vai entrando aí. As palavras chegando a você. Tenhamos ou não intimidade. Seus olhos recolhem o que escrevo, lhe entrego.
Em saber que faço esta visita, agradeço a hospitalidade mental que recebo. Fico aqui, com este quebra-cabeças, que é o alfabeto, apertando teclas, juntando caracteres, a princípio sem nexo, para lhe entregar tudo junto, ordenado, nesta aparente ordem que aqui se apresenta. É um fenômeno que me agrada, este de oferecer. Dá prazer saber que, neste e em outros momentos, estamos, eu e minhas palavras, ocupando um espaço em você.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Vida de consultor


O brasileiro não tem o hábito de poupar nem de se planejar. Quando poupa é para trocar de carro ou para uma viagem específica, etc.
Mas quando se fala em poupar para o futuro, para a velhice ou uma emergência, a coisa muda de figura. Não, não poupa...

O futuro, agora, aumentou. Com a evolução da medicina e do conhecimento, a expectativa de vida do ser humano é outra. Vive-se muito mais. Dizem os especialistas que a pessoa que vai viver 120 anos já nasceu.

Se sua vida economicamente ativa vai até os 65 anos, do que se viverá desta idade até os 95 – 100 anos?

Você já se fez a pergunta de como ou de quê viverá? Já prestou atenção no fato de que, se não guardar, não terá a quem recorrer?
Se você não tem uma herança a receber, precisa ”herdar de si mesmo”, por assim dizer.

Sinto-me dando um recado de você no futuro para você no presente: “Ei, não se esqueça de mim!”

“Se conselho fosse bom, não se dava, vendia-se”, certo?

Pois é. 
Pra te ajudar a sair desta fria, nós, aqui, cobramos.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Assim caminha a Humanidade



Não sei por quê, mas sempre tive a tendência de achar que os antepassados não sabiam de nada. Pelo fato de não terem o estágio de evolução que temos hoje, sempre tive a equivocada impressão de que nos velhos tempos não se sabia de nada. Ao ver um filme em preto e branco onde o ator guia sem cinto de segurança, por exemplo.

Ficava a impressão de que os “primitivos” antigos eram algo como “trapalhões”, e, que, hoje, sim, sabemos de tudo. Um certo efeito que a juventude nos causa, por chegar com tudo pronto e ter a falsa impressão de que, por isso, já sabemos de tudo que é novo além da herança que o conhecimento nos dá do que já existia. Do antigo.

Hoje vejo as novas gerações nascendo com os recursos, tecnologias, facilidades, e entendo que elas só existem porque os antigos as criaram. Desta forma começo a realizar o que deve ter sido de grandioso e revolucionário a construção do Coliseu, por exemplo. O nascimento da escrita, o primeiro automóvel. A medicina. A música erudita.

O começo, os primeiros passos do conhecimento, agora, me parecem feitos maiores e mais difíceis. Um verdadeiro desbravamento da inteligência.

Hoje o mundo é pequeno. O que escrevo aqui pode ser lido no Japão no mesmo segundo.

É.

Acho que estou ficando velho.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tubarão I


Depois de muitos anos, passo a respeitar mais o filme Tubarão. O animal parecia ter uma falsa inteligência superior. Uma astúcia meio irreal.
O bicho afundou barco - rodeando a noite toda – e até helicóptero numa sequência B.
Aliás este filme mudou minha forma de olhar para o mar. Confesso que saber que não existiam grades nem separações físicas no mar para a proteção destes “assassinos“ gera uma certa apreensão.

Hoje leio a notícia: Um tubarão branco de 500 kg e três metros de comprimento conseguiu pular dentro de um barco de pesquisa na África do Sul.
Parece cena do filme.
O barco pesquisava justamente estes tubarões. Ele resolveu fazer uma boquinha e se deu mal. Salvaram o bicho e soltaram em alto mar.

Parece a estória do sujeito que achava sua casa pequena e um sábio disse: coloque um bode na sua sala e volte aqui em uma semana. Quando voltou, implorava para tirá-lo da sala. Quando tirou, percebeu como a casa era grande, sem o bode lá.

Depois do episódio, imagino o tamanho que o barco ficou.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Histórias do Benga V - Pré-primário agitado.

Indo pra escola

O mercado já precificou a crise na Grécia. A economia brasileira continua estável.

Quando é que eu e minha lancheira, com garrafinha de suco dentro, cabelo penteado e tênis amarrado, iríamos imaginar um assunto desses.

No pré-primário “Pequeno príncipe”, onde as “tias” nos colocavam sentados numa linha oval, no chão, com sacolinhas de jogos, a vida era uma festinha infantil.
Não existiam problemas, apenas diversão.

Eis que um dia fico sabendo que um coleguinha da Paola, minha prima, bateu nela. Acabei dando uma surra no agressor e fui parar na sala da diretora.

“-Arnaldinho, por que você bateu no seu coleguinha?
-Porquê ele bateu na Paola, professora, e, na Paola, só quem bate sou eu!”

sábado, 2 de julho de 2011

Amor - versão do cineasta

Depois de Um dia de cão, melhor que de fúria, este lutador, em sua poltrona, via as imagens dela, em 3D, em sua Mente Brilhante. Não queria ficar de lanterninha nesta disputa. Por sua Janela Indiscreta ele acompanhava sua vida.
Ela morava na alameda Casablanca, Número 23, apartamento 007. (O pecado mora ao lado.)
Ele era um Professor aloprado por esta Linda mulher, que muitas vezes parecia Invisível.Os infiltrados, seus amigos, na verdade Bastardos Inglórios, diziam: Fale com ela. E ele, mais para um Paciente inglês, lembrava dos conselhos da mãe: Se beber não case. Parecia mesmo uma Missão Impossível. Mas isto era Nos tempos da brilhantina.

Ele fugia apenas de um grande mico, de um King Kong. Tinha a Premonição de que seus amigos eram Os vigaristas daquele rolo. Não Os bons companheiros que se diziam ser. Eles insistiam Nos embalos de sábado à noite: “Se eu fosse você...”. 

Precisava de um Tratamento de choque. Mas ele se sentia um ET. Sentia que ela estava Muito além do jardim, e ele, apenas, seria Um pescador de ilusões. Não queria ser o Exterminador do futuro que sonhava ao seu lado, e respondia: “Volver se falo com ela!”
Precisava deixar cair sua Máscara e enxergá-la através de uma Lente do amor.

Ela, certo dia, viu no celular: Mensagem pra você. Estava com Ana Conda, Hanna e suas irmãs - As branquelas. Era uma Bonequinha de luxo, uma Garota interrompida, marcada com Triplo x no coração. A rainha do deserto. Uma secretária de futuro, nunca foi uma Múmia. Gostava de fazer suspense e dizia que já viu este filme. Parecia querer pedir: Ensina-me a viver, pensando “sei Tudo sobre minha mãe”, que dizia “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” no Ano em que seus pais saíram de férias. Sentia-se uma Orca, esta Aristogata.

Os dois puseram suas Vidas em jogo, depois disto.
E começou o drama.

A mensagem era um convite dele para um cineminha, onde se encontrariam.

Ela não gostava de Carros, mas pegou seu Corcel Negro em Velocidade máxima e saiu quase atropelando Os pássaros e 101 dálmatas que passavam na rua. Guiando, curtia Madagascar chicletes. Suas amigas brincaram: Apertem os cintos, o piloto sumiu!, porque ela fechou um Taxi Driver.

Quando se encontraram sentiram-se completamente Perdidos no espaço. Ele comprou pipoca para alimentar o que achava que seria uma comédia, aquele encontro, preocupado. Ela ainda tinha pensamentos de que Trair e coçar é só começar, incrédula.
Ele queria exibir seus documentários, meio vulgar.

De volta para o futuro, ficou animado, pensando estar na Cidade de Deus, porque ele Amadeus. Mas neste Feitiço do tempo, meio À deriva, foram entrando na fita. E tudo Transformers de repente.

E, nos Tempos modernos, ele imagina “Se meu fusca falasse”... O namoro sobre rodas... E percebe que Melhor é impossível, e se recorda Como se fosse a primeira vez. A sogra nunca meteu a colher entre este apaixonado e sua Mulher nota dez. Nasceu Dennis, o pimentinha.
E o vento levou.

terça-feira, 28 de junho de 2011

É guerra!


Fico impressionado com a internet. Um segundo distraído e acabo lendo propaganda. Luzes piscando, bolinhas pulando. Agora mesmo me peguei olhando um pop-up da Mercedes: “Nova geração Classe C”. Caí desta vez, penso. Tinha uma luz parecendo um fantasma, de neon, esverdeada, rodeando o carro.

Porque é o seguinte: pop-up eu me recuso a olhar.
É uma guerrinha que travo, particular, contra esta invasão visual que sofremos. Abre aquele da Americanas e olho pro lado, apenas visando o “x” que  o fecha rapidamente, pensando “não vou olhar!”.

E quando você passa, distraído, o mouse, e se descortina uma imagem maior? Nossa, que raiva. É propaganda pra todo lado.

Não sou contra a propaganda. Sou contra a invasão.

Façam-se os anúncios, mas não precisa ser “criativo” a ponto de incomodar.

Ainda tem os que, quando você vai fechar, com o mouse perto, apagam sozinhos. Dá mais raiva ainda. Por isso não olho.

Sei que nunca saberão disso.  É uma guerra vã, esta minha.
Mas pra você eu precisava contar.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Black and White

Quando é que você mente?
Geralmente minto quando me colocam numa saia justa. Quando não quero ofender ou magoar uma pessoa. É o que minha mãe chamava de “mentira branca”. É a mentira do bem.

Isso não quer dizer que as mentiras podem ser coloridas – as vermelhas ou as pretas seriam as piores? Talvez uma roxa deixasse a pessoa com um sorriso amarelo.
Uma verde daria falsas esperanças?

Pior seria uma mentira que se diz transparente, não é mesmo?

As mentiras seriam catalogadas numa cartela, como aquela Pantone. Suvinil e Coral iriam protestar, dizendo que são de verdade.

Deixa quieto. O negócio é falar a verdade. Preto no branco, então.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Amor - versão do esportista


Começou num joguinho.

Ela sacava tudo, mas não contra-atacava. Retranca total. Pra falar a verdade, não dava bola mesmo.
Ele, cheio de firula, achava que a partida já estava ganha, mas só batia na trave. Não por falta de torcida, porque todos sabiam o que rolava.

Ele tentou numa sexta. Ela, Roland de rir, fazia seleção feminina. O maior problema era ele ser sub vinte. Achava que não daria jogo. Chegou a pensar que ele não jogava no time.

Mesmo assim ele remava, tentando de tudo. Um amigo judô, mas não muito. Era o crack. Ainda por cima ia ficar de vela. Qual seria a fórmula? Com seus Trucks, ele se mantinha no páreo, jogando. Poker não? Não tinha nada a perder.

Ia tentar, com seu stock de idéias, colocá-la na roda. Aquelas curvas... Iriam trocar o óleo um dia. O jogo iria virar, pois confiava no seu taco. 
Convidou-a para uma raclette na quadra. Ao menos daria samba, pensou. Seria radical.

E marcaram.

Ele foi em seu Golf para impressioná-la. Logo no primeiro lance da escada estava ele, esperando. Quando a viu não sentiu impedimento. Sentia falta, apenas. Ela também. Mas sem cobranças, os dois se beijaram calados. 
Estavam apaixonados, mas não queriam dar nenhuma bandeira.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Um pobre milionário

Smedley, o suicida

Mais uma da BBC.

“A emissora pública BBC transmitirá o suicídio assistido de um milionário hoteleiro britânico que foi para a clínica suíça Dignitas para morrer.”

Peter Smedley, de 71 anos, teve suicídio assistido na Suíça e a BBC filmou os últimos momentos dele para um documentário.

“O filme, que será exibido na próxima segunda-feira pela BBC com o título de "Choosing to die" (Escolhendo morrer, em inglês), não identifica Smedley pelo sobrenome. Ele sofria de transtorno neuromotor, diagnosticado havia dois anos.”

” Smedley convidou o diretor do documentário, a quem não conhecia pessoalmente, para acompanhar ele e sua esposa na clínica de Dignitas, onde bebeu o veneno que acabou com sua vida.”

Até onde eu sei, só quem pode decidir sobre nossas vidas é Deus. Parece-me que o suicídio é um assassinato da fé, na verdade.

Uma atitude de ansiedade, querendo adiantar os fatos. Um desperdício de vida, algo que tantos lutam para manter a qualquer custo, sob qualquer circunstância, em qualquer condição.

Talvez o fato de o suicida, neste caso, ser um milionário, tenha sido a vontade de comprar, adiantadamente, também, a própria morte.

Não um espaço ao lado de Deus.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Isto é um aplique! Passe o cabelo!


“No incidente mais recente, em Atlanta, na Georgia, ladrões dirigiram um veículo contra a porta de uma loja que vende cabelos para salões da cidade e escaparam com material avaliado em US$ 10 mil.”

Cada chumaço deste “produto” pode valer milhares de dólares, segundo a BBC Brasil. São os apliques de cabelo, com perdão pelo trocadilho, que são objeto de desejo, que estão dando nos “apliques” por aí.

"Cabelo de qualidade é muito caro por conta da demanda, mas (colocar apliques) está se tornando quase uma droga. As pessoas precisam daquilo."
Uma notícia dessas deixa a gente de cabelo em pé ou com as mãos na cabeça, se bobear.

O negócio é cortar bem curtinho mesmo. Máquina um.

Vou correndo pro barbeiro.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu to voltando


Se fossem somar os quilômetros que já corri nesta minha vida, seria bastante. No calor, no frio, na chuva até. Esteira também.
É um desligar-se do mundo que se transforma em concentração. Quase um transe.

O corpo age sozinho, movimentos involuntários. Fones de ouvido tocando e vai-se embora. Unplugged.

Os problemas desaparecem, a tarefa descansa a mente. Metabolismo acelera.
Estou voltando a correr.
Vida entra nas veias.
Estou voltando a correr.
Viva! Vivo!

O cenário

sábado, 28 de maio de 2011

Mundo que muda. Mundo mudado, muda muito.



Pra quem não vive aqui.

Tento lembrar aos que vivem fora. Relembrar, na verdade.
Aqui tem feijoada, pessoal. Vatapá: peixe, frango, leite de côco, azeite de dendê, camarão, castanha de caju... vai vendo...

Aqui tem água de côco, tem filé mignon a dez dólares o quilo. Acredita? Pois tem. Este Brasil com “s” aqui, com “z” aí.

As coisas ficaram baratas, o país está crescendo. Taxa de desemprego abaixo de cinco por cento, pessoal. A gente está vencendo.

Nós, com China e índia, quem diria, estamos despontando neste alvorecer. Seja você ou não um investidor, veja esta metamorfose, este fenômeno.

Os carrinhos e carrões chineses invadindo o mercado. Recebemos telefonemas de indianos, num telemarketing internacional trans-oceânico.

Este mundo em mudança. Muda, mundo. Muda.

Muda mesmo. 

Nós é que mudamos você.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Outono/Inverno, pessoal! Vamos aproveitar?




Nossa, como é boa esta época do ano. O céu azul todos os dias. Aquele sol maravilhoso e o frio que permite roupas mais legais. Permite fogo. É muito bom.

Quase não chove e o tempo seco nas folhas caindo da árvore em frente à minha casa se harmonizando com o barulho crocante delas, das folhas, sem fim.


O dia curto, frio. Macarronada. Bebida quente e chocolate.
A grande diferença é que o frio eu controlo. O calor não. Posso combater o frio com o agasalho. No calor não posso instalar um ar condicionado à minha volta, na rua. O frio é mais higiênico.

Por mim o ano só teria outono e inverno. 

Você dirá: mude-se para um país com este clima.


Não, não. Só me deixe aproveitar aqui.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Onde "nóis vai" assim?

"Nóis pega o peixe."

Se em algumas regiões se fala assim, não podemos admitir que isso seja certo.

Seria como que se aceitássemos que uma mentira repetida muitas vezes se tornasse verdade.
Só existe um certo. Meio certo é diferente do certo.

Seria como que se muitos imaginam que uma superstição é verdadeira esta transformar-se-á em verdade.
Não se pode negar a verdade por existir muitas pessoas a negando.

Por outro lado, se um dia se provar que dar três pulinhos vai nos ajudar realmente a chegar a algum lugar, que se transforme em realidade. Não podemos impor outra realidade além da realidade.

Isto é: se “nóis vai” se transformar na realidade da língua portuguesa, que se mudem as regras para o Brasil todo, e “nóis vai”, todos juntos, sei lá pra onde, e não separadamente, conforme cada lugar.

A língua é uma só para todos. Não se vai passar num concurso público com o maluco e endoidado “nois vai”.

É uma afronta aos que estudam. É um convite ao preconceito, à diferença e à Torre de Babel.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Admirável Mundo Novo

Vejam vocês que estou com mania de falar em ciência. Um planeta habitável. Características da Terra, ou, “que tem as características mais importantes e necessárias para ser considerado habitável”. Fora do Sistema Solar.

Vendo na foto, “as partes azuis mostram áreas mais frias e as vermelhas, mais quentes; as setas são os ventos que tornam o planeta quente e úmido.Ele gira ao redor da estrela-anã Gliese 581”.

Veja você. Uma estrela anã como nosso próximo centro de gravidade?

Vamos pensando em quem queremos levar. Quero o lado azul, hein? Acho que vou comprar um cachorro para esta mudança. 

O mundo ficou pequeno, pessoal.

Vamos chamar de mundo o Universo. Depois, sei lá... Não estarei aqui... Será?

Como dizia Ibrahim Sued, colunista brega e engraçado que existia,

“Ademã, Perriferria”.

Porquê ademã tem mais.

Meu tio Domingão

Caminhonete muito parecida

Marido da Mariinha, este era o nosso amigo Domingão. De todos os tios, considero-me com ele o mais parecido. Era o tio do sítio, dos cavalos, matador de cobras, plantador de cana, uva e figo, quebrador de pedra para paralelepípedos. Pai do Renato e da Paola.

Naquele sítio da infância, da sede, ele assoviava sempre o mesmo assovio e eles obedeciam, mesmo de longe, ao pai.
Aquela caminhonete azul com a caçamba aberta, onde nos levava no clube de campo de Valinhos para nadar naquela piscina e pular do trampolim. Jogar tamborel.

Ele era briguento, vivia batendo em todo mundo nas suas épicas brigas, comentadas em toda família. Jogador de basquete ganhou um título de sócio do clube Pinheiros por conta disso.

Sempre muito sincero, este Domingão. A pessoa mais simples da família. E talvez o mais rico em muitos sentidos. Saúde de um touro. Humor que é só dele. Tenho escrúpulos em falar de uma pessoa de quem às vezes me sinto um filho, de tão parecido. Oitenta e um anos. Saúde pura. Este é o Domingão, herói do dia.
Força total? É o Domingão.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Xixi - uma saga



Imagine-se chegando num restaurante temático, louco para fazer xixi.
De repente se depara com as duas portas do banheiro, e, apertado, não consegue entender os desenhos que estão em cada porta. Eles precisam de “interpretação”. E você lá. Apertado

Ou ainda quando, num bar ou algo assim, como a Rosima da Pamplona. O banheiro era no prédio ao lado. Eram 3 chaves. Uma para o portão, outra para outro portão e mais uma para um “apartamento” deles, "segunda porta à esquenda, depois de subir uma escada, lá". Imagine-se apertado.

Mas a situação campeã mesmo é quando te dão um chaveiro desconcertante, daqueles gigantes. Parece que é um tipo de vingancinha do dono do local, que, apesar da alegação de que não quer que você perca a chave, no fundo está pensando: “Ah, é? Quer usar meu banheiro? Então todo mundo vai saber...”

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Amor - versão do banqueiro


Ele voltava ao mercado.  Depois de uma relação em crise não queria especulação. Só aceitaria um encaixe técnico perfeito. Ele estava vendido, apesar de sua posição.  Com seu FINSOCIAL, sabia quais eram os COFINS de sua existência.

Morava num Fundo de Pensão ajeitadinho, mas preferia receber uma cotação mais alta, mesmo não tendo Hot Money.

Em seu carrinho, mudando de câmbio, imaginava... Sua prometida dando a letra... Seria seu Tesouro Nacional. Por ela liquidaria seu tão valorizado título, sem pensar se ia lucrar com isso. Mas na verdade não era muito de boas ações, admitia.

Um pouco inseguro, pensava: “Usando bolsa... À vista... To comprando.” Ele sabia que assim poderia sofrer uma maxidesvalorização, mas não se importava. Procuraria em todas as capitais. Era o mercado futuro.

Finalmente ela apareceu. Era promissória. 
Pensou: Esta Vale. Fará Doce?
Estava sentada na praça, no banco central, contando suas notas depois de comprar sorvete. Ele pensou nas opções. Se teria crédito, pois tinha um perfil de risco, sabia. Ela era apenas uma pessoa física, mas que física! Isto preocupava, pela falta de paridade.

Finalmente ele disse: - PIS... Ei, PIS...
Ela olhou. Queria uma conversa privatizada. Ele ia às RAIS da loucura. Sentiu uma volatilidade no estômago. Percebia que com ela teria uma razão social definida. Que ela faria as melhores receitas sem dar muitas despesas. Foram caminhando até um dos balancetes, sorrindo e negociando. Disse a ela sobre sua renda fixa no emprego.

Parecia que iriam se entender, sim.

Começaram os juros de amor. Seria over night, a conversa.

Depois de alguns ajustes, lá chegou o fiscal. Um guardinha da região.

“-Vou investir na relação”, pensou, e, com muita Cautela, falou naquele certificado.

Na praça, apaixonados à primeira vista, ficaram em frente ao mercado, até seu fechamento, vendo que o que sentiam já tinha valor.