segunda-feira, 23 de julho de 2012

Histórias do Benga – 5, Cabra!


Éramos eu, o João, o Cadú, o Peninha, o Renato e alguém mais que me falta à lembrança. Mas a base era esta mesmo.
Pra quem não sabe, o Peninha morreu num acidente de carro, mais tarde. Ele era o mais biruta de todos. Mas também o mais engraçado. Protagonista da famosa “pose cachorral”, na boate Castelinho, em Caraguá, naqueles tempos em que nada tinha muita consequência. É que ele arranjou uma namoradinha lá, na boate, e começou a atacá-la, parecendo um cachorro copulando, prensando a menina numa coluna. Uma cena grotesca, mas muito engraçada, que ficou na memória.
Naquele tempo, anos 70/80, existiam várias regras que seguíamos. E uma delas versava sobre o direito de se sentar na frente, ao lado do motorista, quando se ia a algum lugar. Derivada do termo “peru na frente”, que se dizia quando se queria sentar lá, resolvemos mudar, por sugestão do João, para “Cabra”. Seria outro bicho, mais original.
Chegando perto do carro, antes de se entrar, alguém lembrava antes e gritava “-Cabra!”, e ia sentado lá.
Tinha uma limitação na Cabra. Você, uma vez tendo “cabrado” na ida, por exemplo, não poderia “recabrar” na volta ou numa viagem seguinte. Portanto surgiu o famoso mandamento “Quem cabra não recabra”.
Só que apareceu uma jurisprudência neste procedimento. O Peninha, e alguns outros, recabravam. Nem todos respeitavam a nova lei. Portanto criei um dispositivo de punição para quem recabrasse. Os DIREITOS CABRAIS.
Direitos cabrais eram aplicados pelo passageiro que ia atrás do infrator. Enfiava-se as mãos pelos lados do banco e se apertava o peito do recabrante, que morria de cócegas, pedindo pelo amor de Deus para que parasse.
Portanto cunhou-se a frase, imortal: “Quem cabra não recabra, e, aliás, existem direitos cabrais.”
Existia uma corrente contra os direitos cabrais, no grupo, que defendia outro texto para esta legislação: “Quem cabra não recabra, e, aliás, não existem direitos cabrais.”
Mas que existia, existia. Eu fazia justiça com minhas próprias mãos.

2 comentários:

  1. Caralho, que saudades de tudo isso, Benga ! Saudades maiores ainda do divertidissimo Peninha.
    Cabra sem direitos cabrais era muito raro, quem cabrava já sabia que ia ter que aturar as suas cócegas.

    Cadú

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  2. Eu era um tipo de vigilante rodoviário dos recabrantes. O Peninha faz falta, realmente.

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