O Branco era um pangaré como este. |
Eles tinham um sítio em Valinhos. A Mariinha e o Mingutinha. Pais do Renato e da Paola.
Eu sei que todo final de semana estávamos lá, no sítio deles. Os cavalos Suíte, Apolo Guel, Piquira, Pirica, Branco, um branco, Preto, um preto, Babieca, Mustangue, a Mula, o Burro, a Estrela e o Cacique, um pampa, fizeram aquela história.
O Branco só funcionava direito quando meu pai ou algum adulto montava. O Suíte era venerado pelo meu avô, o Minguta (Domingos). A Mula era forte, o burro também.
A Babi economizava pata quando corria – nunca queria galopar, era impressionante. Tinha uma reta em que eu ia e ela virava e me jogava no chão. O Apolo parecia um gigante com o Renato em cima, cavalo fogoso e bonito.
Cacique era meio pangaré, mas bonito. A Estrela morreu jovem, picada por uma cobra. A gente a visitava no “cemitério”, um lugar que ela escolheu para morrer.
Tinha a lenda do “Berto”, filho do seu “Dito”, capataz, que viu o Burro corcovear de madrugada, no taquaral, depois de morto.
A gente brincava de duelo no páteo, sobre estes pangarés, com as portas do Dodge abertas, tocando Aranjuez no último volume...
A Mariinha atrás do Renato e da Paola, no meio do mato, com Toddy pra eles tomarem, era uma graça. Mãe dedicada, tia doce, que, quando ficava comigo eu chamava de “mãe aliás”, porque eu gritava “mãe!” e me corrigia, “aliás, tia!”, de tão gostoso que era ficar com ela.
Ela cuidava da gente, cuidava de todos naquele sítio que mais parecia o Paraíso.
Sempre doce, esta tia. Um sítio daqueles só podia ser dela.
Ou ela que era do sítio, sei lá. Ela era da gente.
“Mãe aliás”, heroína do dia, que saudade de você.