domingo, 30 de setembro de 2012

Benedito Lapin, 35


O telefone era 80-3963. Depois passou para 852-3963.
Lá na Benedito Lapin, que minha mãe não cansava de dizer “-Lapin (Lapã), que quer dizer Coelho, em francês.”
O telefone de disco, que tocava com o mesmo tom do meu celular, hoje em dia. Com fio. Tinha fio, o telefone.
Aquela casa naquela rua deserta, larga. A gente conhecia os vizinhos. Brincava na rua. Nossa, quanta árvore tinha. A padaria Bibi, daquele portuga chato, que arredondava o troco sempre a seu favor. 
O Soares, da venda da esquina da Eduardo Souza Aranha com a Bandeira Paulista.
A gente ia no New Dog a pé. No Babi’o. Joaquin’s. As lanchonetes de lá. Quem lembra do Jaber da Tabapuã?
Minha Brasilia bege, com KP 500 - da Pioneer, com falantes gigantes nas laterais. Pneus radiais. Adesivo do Snoopy no vidro de trás.
Apareciam muitos amigos naquela porta, sem hora pra chegar. Nem pra sair, também. Da janela do quarto eu avistava, levantando dois dedos da persiana. Era alguém indo ou voltando de alguma balada, sei lá.
No domingo, um domingo como este, de hoje, ensolarado, todo mundo sentado, falando besteira, pra ver ele passar.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Histórias do Benga, 7 - Infância em Maranduba.




 (Sônia e Sean  cozinhando)

A minha prancha tinha olhos e boca, feitos com o cigarro de algum adulto, para derreter o isopor. Era a imitação de um tubarão.
A gente usava camiseta pra pegar onda, porque o isopor irritava a barriga.
Mas era muito bom, naquelas ondas “caixote” – que quebravam bem de frente, sem saídas laterais. A gente descia até a areia olhando a vida passando,  sem pudor.
Quando tinha ressaca, depois de chuva, com aquela água amarronzada, que vinha do rio Maranduba e desaguava no mar. O rio que passava do lado de casa onde eu pescava pitu lá da ponte de madeira que sempre caía – nunca fisguei um. As ondas gigantes, pra mim, um pequeno ser.
Duas horas depois do almoço podia começar, meu pai dizia. “Tem que fazer a digestão!”
Ele vinha nos fins de semana, naquele Dodge vermelho, com o porta-malas cheio de comida, de São Paulo.
E a gente começava, nas ondas. Sem parar. No paraíso.
Muito mais distante que hoje em dia o é.
Muitas ondas rolavam naquela tal Maranduba. O Pimenta, da venda. No trailer, o Mané.
O amendoim japonês, do Pimenta. O cheese salada que a gente mesmo fazia, lá no Mané.

Pescando siri com a tia Sônia, passando o picaré.

Ela passando champagne na testa da gente no dia de Iemanjá.
Vinicios, Maria Bethânia com a Rosa dos Ventos. Chico com sua Construção.
O pôquer na mesa de feltro, né tia?

"Hoje tem vatapá, pessoal!"


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ctrl








Fazendo aqui logotipos. Pra quem não sabe, eu faço propaganda também.
Lidar com vetores, isto é, na Wikipédia diz “Em geometria analítica, um vetor (português brasileiro) ou vector (português europeu) é uma classe de elementos geométricos, denominados segmentos de reta orientados, que possuem todos a mesma intensidade (denominada norma ou módulo), mesma direção e mesmo sentido[1]. Em alguns casos, a expressão vetor espacial também é utilizada.”

Mas, e as curvas?
Tudo bem.

Pois é. Lidar com vetores é interessante.

Bom, aqui criando, voltando ao assunto.
No software, existem vários macro-comandos. Facilitam o processo. Você digita um código em vez de executar pelo mouse. Sei lá, facilitam...

Existe um muito importante, o Ctrl + Z, que é o “Desfazer”. Você volta de um a cinco comandos, se perceber que errou, por exemplo.

Tudo isso pra explicar que eu fui provar o molho do macarrão e cheguei com a colher muito rápido à boca.

Pronto, pingou.

Ctrl + Z, pensei.

Bom, daí lembrei-me da minha vida e me perguntei quantos Ctrl + Z eu daria. Pensei nos meus erros, acertos. Pensei.
Daí fui olhar no sistema e notei que o comando "Refazer" também existia: Ctrl+Shift+Z. Eu mal o conhecia.
Normalmente resolvo e corrijo depois de feito.

A pergunta ficou mais difícil:

Qual dos dois você mais daria?

Tudo bem.

Esta é uma pergunta retórica.