(Sônia e Sean cozinhando)
A minha prancha tinha olhos e boca, feitos com o cigarro de algum adulto, para derreter o isopor. Era a imitação de um tubarão.
A minha prancha tinha olhos e boca, feitos com o cigarro de algum adulto, para derreter o isopor. Era a imitação de um tubarão.
A gente usava camiseta pra pegar onda, porque o isopor irritava a
barriga.
Mas era muito bom, naquelas ondas “caixote” – que quebravam
bem de frente, sem saídas laterais. A gente descia até a areia olhando a vida
passando, sem pudor.
Quando tinha ressaca, depois de chuva, com aquela água
amarronzada, que vinha do rio Maranduba e desaguava no mar. O rio que
passava do lado de casa onde eu pescava pitu lá da ponte de madeira que sempre caía – nunca fisguei um. As ondas
gigantes, pra mim, um pequeno ser.
Duas horas depois do almoço podia começar, meu pai dizia. “Tem
que fazer a digestão!”
Ele vinha nos fins de semana, naquele Dodge vermelho, com o
porta-malas cheio de comida, de São Paulo.
E a gente começava, nas ondas. Sem parar. No paraíso.
Muito mais distante que hoje em dia o é.
Muitas ondas rolavam naquela tal Maranduba. O Pimenta, da venda.
No trailer, o Mané.
O amendoim japonês, do Pimenta. O cheese salada que a gente
mesmo fazia, lá no Mané.
Pescando siri com a tia Sônia, passando o picaré.
Ela passando champagne na testa da gente no dia de Iemanjá.
Vinicios, Maria Bethânia com a Rosa dos Ventos. Chico com
sua Construção.
O pôquer na mesa de feltro, né tia?
"Hoje tem vatapá, pessoal!"
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