quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Histórias do Benga, 7 - Infância em Maranduba.




 (Sônia e Sean  cozinhando)

A minha prancha tinha olhos e boca, feitos com o cigarro de algum adulto, para derreter o isopor. Era a imitação de um tubarão.
A gente usava camiseta pra pegar onda, porque o isopor irritava a barriga.
Mas era muito bom, naquelas ondas “caixote” – que quebravam bem de frente, sem saídas laterais. A gente descia até a areia olhando a vida passando,  sem pudor.
Quando tinha ressaca, depois de chuva, com aquela água amarronzada, que vinha do rio Maranduba e desaguava no mar. O rio que passava do lado de casa onde eu pescava pitu lá da ponte de madeira que sempre caía – nunca fisguei um. As ondas gigantes, pra mim, um pequeno ser.
Duas horas depois do almoço podia começar, meu pai dizia. “Tem que fazer a digestão!”
Ele vinha nos fins de semana, naquele Dodge vermelho, com o porta-malas cheio de comida, de São Paulo.
E a gente começava, nas ondas. Sem parar. No paraíso.
Muito mais distante que hoje em dia o é.
Muitas ondas rolavam naquela tal Maranduba. O Pimenta, da venda. No trailer, o Mané.
O amendoim japonês, do Pimenta. O cheese salada que a gente mesmo fazia, lá no Mané.

Pescando siri com a tia Sônia, passando o picaré.

Ela passando champagne na testa da gente no dia de Iemanjá.
Vinicios, Maria Bethânia com a Rosa dos Ventos. Chico com sua Construção.
O pôquer na mesa de feltro, né tia?

"Hoje tem vatapá, pessoal!"


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