sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Não inventa!

Sou apaixonado pelas invenções. Talvez até mais que pelos inventores. Cruel injustiça.
Mas é a realidade.
Quem viveria sem o fogo? O queijo brie... Nem falemos no vinho.
Tem gente que diz que se sente melhor em outra época, que não é desta nossa.
Eu sou mais comum.
Viva o ar condicionado!
Viva o notebook, embaixo destes meus dedos, me obedecendo, quando aperto estes botões.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ser goleiro

Félix na Copa de 1.970



Passou a propaganda da caixa, que “explica”: “existe o atacante e o zagueiro: assim são os investidores.”.
E isso me fez lembrar que eu sou goleiro.
O goleiro, a meu ver, tem que ser o capitão do time, como eu fui. 
Ele assiste ao jogo e posiciona os jogadores. Ele incentiva, grita com o time todo:
“-Chuta!”, eu gritava, “-Volta!”, “-Olha a saída de bola!”...
Nas olimpíadas colegiais, fomos campeões. Defendi os pênaltis na decisão. Virei herói.
Nunca irei me esquecer daquele dia, chegando naquele refeitório gigantesco, cheio de alunos, no colégio. Todos me aplaudindo.
Ser goleiro é ser herói por um dia. Ser goleiro é surpreender.
O verdadeiro goleiro é a cabeça do time.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Santo Américo - uma bela professora

Parecia mágica. A professora Nely, do Santo Américo, escrevendo.
Eu sabia que tudo estava correto, um perfeito português. Isso me fascinava. Acho que fez parte de meu amor pelas letras, pela boa escrita. Além de meus pais, escritores, ela me dava a base, a teoria, a espinha dorsal.
Eu a via escrevendo e sentia vontade de ter aquela fluência, leveza em escrever certo. Tudo correto.
Ela era engraçada. As notas das provas eram em décimos. As minhas, 3,28 ou 4,32. Coisas assim. Parecia, às vezes, que era professora de matemática, pela exatidão.
Ela era temida. Tinha um nariz enorme, como aqueles de bruxa, com verruga e tudo. Ela era séria e muito brava.
Mas eu quebrava esta sua sisudez e fazia aquela senhora baixinha e muito rígida dar risada. Ela não aguentava e ria muito comigo, a bruxa da escola.
Ela começou a gostar de mim. Depois que saí da escola a visitava sempre, na porta da sala dos professores. Chegou a me apresentar uma sobrinha, querendo nos casar.
Chegou, também, a me passar de ano, sem poder, quando meu pai faleceu.
Pra quem lembra e conheceu: professora Nely Arid. Ficam minhas saudades.
Um beijo, minha bela professora.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

"Os números governam o Mundo" - Pitágoras




Cheguei a uma conclusão. O negócio é ter sorte.
Sorte de ter decidido corretamente nos momentos corretos, sorte de ter encontrado as pessoas certas, sorte de acertar nos palpites e posições. Sorte, apenas sorte, pessoal. É uma questão de número de chances versus número de acertos no jogo da vida, que nada mais é do que apostar. Você quer acertar sempre, certo? Mas também erra. Esta é a questão. O que em você decide esta proporção. Ou o peso de cada acerto e erro, entende?
Aí me vem você e me diz: - Os esforçados são recompensados.
Respondo: - Os recompensados sempre se sentem esforçados. Sorte de serem esforçados.
Eles são sortudos.
Porque todo mundo tenta vencer todo dia.
Mas é muita gente. Precisamos de estatísticas.
Alguns são sortudos.
Acertam.
Vem você de novo: - São mais inteligentes, não sortudos.
Digo: - Sortudos de serem mais inteligentes.
Pra mim mesmo eu digo, apenas:
- Boa sorte. Sempre.
E pra você também, meu amigo. Boa sorte.
Mais sorte ainda porque temos Deus.
Porque se "os números governam o mundo", Deus governa os números.
Amém.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Na rua do Nossa Senhora!




Nossa Senhora!
Estou morando na praia! Vejam vocês!
Minha cerca de alvenaria com bambu!
Minha varanda com azulejos no piso verde! Vejam vocês!
As crianças gritando lá atrás, não vejam, vocês!
Mas aqui, no meu ninho, no meio do Morumbi, ou na praia, lado certo, aqui, o dia acaba, fica tudo quietinho, é de entardecer.
Passarinho cantando seu último arranjo. É de anoitecer.

domingo, 30 de setembro de 2012

Benedito Lapin, 35


O telefone era 80-3963. Depois passou para 852-3963.
Lá na Benedito Lapin, que minha mãe não cansava de dizer “-Lapin (Lapã), que quer dizer Coelho, em francês.”
O telefone de disco, que tocava com o mesmo tom do meu celular, hoje em dia. Com fio. Tinha fio, o telefone.
Aquela casa naquela rua deserta, larga. A gente conhecia os vizinhos. Brincava na rua. Nossa, quanta árvore tinha. A padaria Bibi, daquele portuga chato, que arredondava o troco sempre a seu favor. 
O Soares, da venda da esquina da Eduardo Souza Aranha com a Bandeira Paulista.
A gente ia no New Dog a pé. No Babi’o. Joaquin’s. As lanchonetes de lá. Quem lembra do Jaber da Tabapuã?
Minha Brasilia bege, com KP 500 - da Pioneer, com falantes gigantes nas laterais. Pneus radiais. Adesivo do Snoopy no vidro de trás.
Apareciam muitos amigos naquela porta, sem hora pra chegar. Nem pra sair, também. Da janela do quarto eu avistava, levantando dois dedos da persiana. Era alguém indo ou voltando de alguma balada, sei lá.
No domingo, um domingo como este, de hoje, ensolarado, todo mundo sentado, falando besteira, pra ver ele passar.