segunda-feira, 7 de março de 2011

Como é bom


É engraçado como as coisas podem acontecer com a gente. Pode com todo mundo, é verdade. Mas a gente pensa que com a gente é diferente.

Daí escuta clichês sobre viver intensamente, se permitir fazer coisas, etc., e pensa: isso aí comigo não rola, eu faço tudo que quero.

Pois é.

Fui redator publicitário durante muitos anos. Sempre buscando clientes para contratarem meu serviço. Dependia deles para criar textos. De briefings, produtos, campanhas, clientes, enfim.

Eram eles, que de certa forma, “permitiam” que eu escrevesse. Eram eles que “aprovavam” o que eu escrevia.

De certa forma eu procurava por toda parte alguém que me permitisse escrever.

Durante 47 anos, 11 meses e 29 dias.

Um dia antes de meu 48º aniversário comecei a escrever crônicas. Sem clientes, produtos, campanhas, nada.

Foi o dia em que realizei, admiti, que, na verdade, eu sou um escritor. Que muitas vezes o problema estava em quem “aprova”, ou na falta deles, e não comigo.

Que eu poderia me permitir, a mim mesmo, escrever. Eu mesmo aprovar ou não o que escrevo, e, o mais importante, que a primeira pessoa para quem escrevo é a minha. A minha pessoa.

E que isso acabe sendo um conselho, uma inspiração, em forma de atitude, escrever.

O importante é fazer.

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