quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Histórias do Benga 3, Fogueiras de Maranduba

Foto: Beco Bresler


Fui buscar lenha no escuro, pela estrada de terra, e quando cheguei em casa, era uma árvore que eu não sabia que trazia nas costas. “- Estava difícil mesmo arrancar isso do chão...”, pensei. Eis que surge do nada a tia Sônia, mostrando a casa dela para um possível comprador, que viu este índio carregando isto pelo caminho. Não devem ter entendido nada. Depois eu garanto que entenderam.

A noite ia avançando e os amigos bebendo. Montava-se a fogueira no meio do jardim entre as duas casas. Mas a lenha não era muita, como deu para perceber.
Meu olhar mudava, o Julio (Saba), de Smoking na praia, como já era seu costume, já sabia: vamos proteger a mobília dele!
O Julio levava camisa social e blazer esticadinhos atrás do carro, pra usar à noite no Castelinho, boate de Caraguá. Um dia falamos só do Julio, dele escovando os dentes... Este tem o que falar.

Voltando à vaca fria, era feita a fileira das cadeiras em frente ao fogo e eu dizia pra primeira: “-Fique na fila, porque você é a próxima.”, diz o Julio, hoje em dia.

As meninas de Goiânia - que, diga-se de passagem, estávamos arrependidos de ter convidado - sem entender nada. Ficamos preocupados em agradá-las, pois elas chegaram com uma mala gigantesca, sem data para ir embora, e tínhamos sido nós que insistimos muito para elas virem. Mas já estávamos de saco cheio, esta é a verdade.

De consciência pesada e a fim de dar risada ao mesmo tempo, começamos a tentar relaxar com a situação.

“-Vamos Cantar?”, falei.
“-Já sei: vocês cantam e eu danço. Ou eu canto e vocês dançam?!”
“-Nós cantamos e vocês dançam!”, vem o João. “-Vocês cantam e nós dançamos!”
“-Um canta e todos dançam!”, “-Todos cantam e um dança!”
“-Ninguém canta e todos dançam!”, “Todos cantam e ninguém dança!”
“Todos cantam e dançam!”, “-Ninguém canta e ninguém dança!”...

E fomos propondo, dando muita risada, até o sol raiar...
O palco das fogueiras

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