Antônio Aparecido de Godoi |
Ele é magro, muito magro. Voz grossa do interior. Lá de Amparo. Mãos grandes, desproporcionais. O nariz, nem se fala. Baixinho de fala macia, bonezinho na cabeça. Empreiteiro de pequenas obras, cobra por dia e trabalha direito. Este é o seu Antônio.
Lata de 18 litros de tinta ele carrega sem problema algum. Pinta o teto o dia inteiro, esforçado. Às vezes, de tão concentrado, nem escuta o que a gente diz.
“-Seu Arnaldo: vou fazer os recortes!” – aquele sotaque inconfundível.
Vai fazer cinco dias que este amigo de 67 anos, que parece ter menos, está aqui com a gente. Diz que só bebe aos fins de semana e eu acredito. Ele sai às cinco da manhã de casa – de ressaca não se faz isso.
Disse, brincando, a um amigo publicitário que pintor bebe muito, muito mesmo.
Ele respondeu: “-Estou na profissão errada, então.”
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