quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A LENDA DOS COQUEIROS E O FOGO. (Para as crianças colorirem.)


O mundo existe há muito tempo. O mar, o fogo, as árvores, o sol...
Tudo isso é amigo e se respeita, se equilibra. Uma amizade antiga que já teve brigas, vulcões, calmarias, conversas e muitas mudanças, até hoje.
Pelo tempo ser tanto e os dias e noites estarem sempre se encontrando, as árvores, os bichos, o mundo renasce diariamente. Existem as árvores avós, os bichos netinhos... é como se o mundo e as estrelas já estivessem de barba crescida, como o nosso velhinho Papai Noel. Mas o mundo renasce e fica com "Cara de Novo" todo dia. É que tudo que existe é saudável e forte. É a Natureza. Ela protege o peixe do sol com a água, as escamas... protege o passarinho com o ovo, a tartaruga com o casco... ela sempre protege.

Um desses amigos de todos, o homem, às vezes se esquece de sua amizade. Ele tira da amiga Natureza o que ela cuidou tanto tempo para criar e esquece de agradecer, cuidando. E a Natureza bondosa continua oferecendo toda sua beleza.


Oferece palavras em forma de árvores, bichos e ventos.

E  nesta conversa que nunca termina foi comentada uma lenda muito antiga que vem vindo entre os bichos e as árvores. Eles resolveram contá-la para o homem para ver se este enxergava o que fazia com seu próprio mundo. A Natureza vive dando lições construtivas ao homem e este ainda parece ter pouco aprendido. É até engraçado: o único homem que aprende com a idade avançando é o índio. Os mais jovens até os respeitam... por tanto que sabem.
 E foi justo a um velho e sábio cacique que esta lenda dos coqueiros e o fogo foi contada.

Numa noite bonita, estrelada, num mês de julho de um ano distante, o velho índio tentava contar as estrelas e se perdia no meio.
Começava de novo e nada.
E nessa gostosa brincadeira de conta-reconta e admira e gosta, o nosso amigo cochila. Sonhando, se encontra com todos os bichos da mata, falando.

- Mas não é possível! gritou na língua dele.
- Eu sempre falei com os bichos! Mas eles não falam comigo!


- O senhor que se engana... falou a esperta raposa.
- Existe uma história que nós contamos para nossos filhos e os filhos de nossos filhos e assim por diante, cochichou a sábia coruja meio adormecida.
- E os rios? E as árvores? E os peixes?
- Todos - grunhiu o urso pardo, com mel lambuzado.
- Então vocês também têm tradição?
- É quase isso - voou o beija-flor com seu bico pontudo e asas elétricas.
Logo aparece a coruja mais acordada para explicar.
- A língua da Natureza é outra... ela fala com Ecologia, com harmonia e amor. E só pode falar a um coração puro de um velho e sábio índio. O que está sendo comentado hoje na mata é o fato de o homem não saber direito o que o coqueiro representa.
O vento está sempre tentando animá-lo e desliza em suas folhas para seu sorriso permanecer tão verde.
- Mas o que tem o coqueiro de errado? perguntou o cacique.
- O coqueiro nada... retrucou a coruja.


E o sonho do índio começou a mudar. Os animais foram saindo com pressa e um vento forte começou a soprar, O cacique percebe que está numa praia com muitas árvores, sendo a maioria coqueiros.
Ao longe, brilhando a luz dourada de fogo.
Sozinho, sem saber o que acontecia, o velho homem de pele vermelha observa. E descobre que a mata está em chamas.
Assustado, percebe que deve se proteger. Logo vai para a água da praia e fica de longe a ver o que acontece.
O fogo chegando e os coqueiros querendo salvar todos os seus amigos, vendo madeira queimando, tentam apagar o fogo com suas folhagens. As pontas das folhas ressecam, como que se fossem as pontas de dedos. E os coqueiros, com todos seus anos de vida, também são sábios.


No calor em que estão, começam a soltar os seus côcos e estes caem entre galhos de árvores que pegam fogo. Os côcos se rompem e soltam sua água, qua mata a sede do homem, dos bichos... e côco por côco acabam por transferir a água - que evapora do mar, que vira chuva, que cai na terra e sobe por dentro do coqueiro e vira água de côco, docinha - para o chão para apagar o fogo. Que fogo? O fogo que um outro homem deixou pegar na mata, em uma queimada.
E os coqueiros, com a água dos seus côcos, junto com a chuva e todas as águas da Natureza tentam apagar o fogo, e, enfim, conseguem.

Era forte este sonho do sábio cacique, que acorda assustado. Mas por ser tão sábio, o cacique consegue entender que seu sonho era uma lenda que deveria ser aprendida por toda sua tribo. Que seus filhos e seus netos também deveriam conhecê-la.
E o cacique, acordando, exclamou:
- O coração do coqueiro é o côco! Por amor à Natureza! Pelo Homem também!
A Natureza também se protege do homem.
E o cacique de rosto de pele vermelha enrugada levou esta estória para sua tribo.

As crianças, a partir de então, começaram a aprender A LENDA DOS COQUEIROS E O FOGO. E ensinaram aos seus filhos e aos filhos de seus filhos, mais tarde.

Um dia, uma dessas crianças virou um velho e sábio cacique.

E, a contar as estrelas, como seu sábio ancestral, também adormeceu.

4 comentários:

  1. lINDÍSSIMO, APAIXONANTE!!!!

    VOU LER PARA MEU FILHO.
    BJ

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    1. Arnaldinho , não conhecia essa bela lenda , meus parabéns 👏👏👏

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  2. Parabéns Arnaldinho, você herdou o talento de seu Pai e da Terezinha sua. Mãe

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  3. Continua assim escrevendo belas história a e compartilhando conosco Bjs💋🥰

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