sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Vim de taxi



Dentro dele eu tento fazer diplomacia. Tento não ver as más intenções. Bato papo e testo minha paciência com os vícios deste senhor.
Ele adora pegar sinal fechado, força um pouco a situação. Guia como quem está com a vida ganha... Pressa pra quê? Ele está com passageiro mesmo, melhor fazer o taxímetro rodar bastante – como se fosse mesmo aumentar o valor.
Ele puxa assunto, tenta me distrair. Testa meu humor e sonda minha tolerância.
Vejo os outros motoristas guiarem normalmente, passando por nós como que por uma tartaruga cansada.
Mais um sinal fechado e minha vingança começo a arquitetar.
-Sr. Osvaldo, desculpe. Acho que vou vomitar. Não passo bem. Podemos acelerar?
De repente, agora com medo, a raposa vira lebre e me entrega em casa, mudo e calado, olho arregalado, sem nem piscar.

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